Bem, vou tentar mergulhar mais fundo nessas ruas da vida, levando em conta os comentarios recebidos, dizendo das lembranças e memórias que nos ficam, os contrastes com as novas realidades, correrias do mundo global, de mercado, refletindo também sobre as raízes do texto do Sid. Uma missão quase impossível, ainda mais que não tenho o dom, o poder de síntese.
No meu texto falei da rua bem iluminada, onde, no entanto, sente-se uma sensação de menos luz, música e poesia. A imagem que usei é digital, e somada ao photoshop e outros recursos tecnológicos, ficam mais vivas, intensas, cintilantes, e nelas buscamos então a essência que não temos vivenciado nas pressas, nos saltos para o futuro.
No endereço que segue... http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp057.asp - muita coisa é dita a respeito da arquitetura virtual. É longo o texto, mas vale conferir, e vou tentar resumir neste trecho:
"Mas, da mesma forma que a televisão não departamentaliza a nossa idéia de tempo e espaço, ela igualmente não permite as abordagens "profundas" da literatura. Tudo passa a acontecer "na superfície". Isso acontece porque dos milhões de pontos impressos sobre a tela, apenas somos capazes de memorizar cerca de cem pixels por segundo. É por isso, também, que a televisão é um meio frio – isto é, um meio que exige o "preenchimento" das lacunas de memória e da percepção com a nossa imaginação. A literatura, através da distribuição das letras sobre o papel realiza algo diferente: monopolizando a visão e anulando os outros sentidos, resgatamos diretamente todo o universo simbólico realizado pela linguagem verbal, num repertório construído ao longo das nossas vidas, tornando-se num meio quente, mais completo. Por isso, a literatura e o mundo literário é repleto de símbolos e de metáfora, o que não acontece com a televisão, que opera muito mais fortemente os eixos de associação por similaridade."
No novo endereço que segue... http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482008000200004&lng=pt&nrm temos uma visão mais profunda, psicológica e sociológica, do nomadismo e solidão na cidade veloz: alegorias da compressão do tempo-espaço na ficção de Caio Fernando Abreu.
RESUMO:
Este trabalho discute a figuração literária dos processos de subjetivação contemporâneos na ficção do escritor Caio Fernando Abreu (1948-1996), a partir de uma reflexão sobre os efeitos da "compressão do tempo-espaço" (Harvey, 1994) sobre as experiências psicossociais no mundo tardo-moderno. Em Caio Abreu, visualizamos as mais diversas cenas da vida urbana ancorada na cultura do consumo, bem como as diferentes situações que evocam a fragmentação do sujeito e as novas sensibilidades e formas de lidar com a efemeridade, a velocidade e a perda das utopias na cultura contemporânea. Seus contos, novelas e seu epistolário exploram o espectro de situações nefastas em que está mergulhado o indivíduo no final do século XX, especialmente mediante os temas do nomadismo, da errância, da solidão e do narcisismo que parecem caracterizar os tempos pós-utópicos. Ao delinear personagens, enredos e cenários figurativos da experiência urbana globalizada, o escritor lança um olhar particularmente revelador de tais condições no contexto do Brasil contemporâneo. Este trabalho examina alguns contos incluídos em Os dragões não conhecem o paraíso (1988), Morangos mofados (1995), Estranhos estrangeiros (1996) e o romance Onde andará Dulce Veiga (1990) à luz da crítica da modernidade empreendida por autores como David Harvey, Zygmunt Bauman, Fredric Jameson entre outros teóricos.
Caio Abreu realça as experiências da vida contemporânea de forma metafórico-alegórica, refratando em suas narrativas o excesso de estímulos que a cidade oferece, a aceleração do ritmo de vida, a falta de encontros mais duradouros e significativos entre as pessoas. Mostra a urgência e o imediatismo das ações humanas em uma cultura que incita o sujeito à compulsão da compra, à vivência do presente imediato espetacularizado, à ação impulsiva e à descarga motora.
A memória do passado é trazida à tona como "um quebra-cabeças sem molde final" à medida que reminiscências emergem e associações vão sendo efetuadas pelo protagonista. O ininterrupto exercício da memória por parte do narrador parece evocar a resistência ao estado do "presente puro" de que fala Jameson (1996), uma das principais características da dominante cultural pós-moderna e associada ao enfraquecimento da práxis política coletiva. Surdo à história, mergulhado na sincronia de imagens, discursos e realidades, sem a possibilidade de articular narrativamente o passado, o presente e o futuro, o sujeito se vê sem horizontes de transformação e emancipação; nada além do aqui e agora. Com efeito, nessa ficção, parece haver um impulso de recuperação do passado como referente, a memória funcionando como meio de acesso a uma experiência e um estilo de viver mais humanamente significativo (leia na íntegra).
Eu, ney, acho que é importante valorizar as artes, música e poesia, mantendo essa nossa identidade humana, de forma integrada e coerente. Precisamos vivenciar etapas, buscar nossas verdades, os melhores caminhos, não permitindo que as correrias nos afastem do equilíbrio e amadurecimento, do bem estar espiritual e sossego íntimo. E na liberdade, nos distanciarmos das falsas ideologias, dos preconceitos, fundamentalismos, entendendo, amando e respeitando o próximo.
2 comentários:
Ney.
Você consegue passar muita vida e muita energia em tudo que escreve.Estou atarefadíssima, por isso não deixo um comentário mais longo...Depois eu volto.
Obrigado, heli. Temos mesmo nossas rotinas, fico feliz que tenha gostado. bjs/ney.
Postar um comentário