27 abril 2011

No mistério do sem-fim


No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta.

Cecília Meireles

25 abril 2011

NA JANELA DO TEMPO...






fotos ney (clique para ampliá-las) Terminada a semana santa, aqui com muito sol e céu azul, veio a chuva forte no final do domingo de Páscoa. Mas tudo continuou iluminado, e os pingos da chuva na janela deixaram a cidade ainda mais colorida, refletindo cintilações das águas do tempo, da passagem e da eternidade.
"E os pingos da chuva ainda estão a brilhar e dançar no vento alegre que me traz a canção ESTRADA DO SOL (Dolores Duran/Tom Jobim). Vamos sair pra ver o sol.
E vale refletir sobre essa nossa passagem, com todas as suas alegrias e tristezas, com música e poesia, cantando e contando a vida com amor. (ney) Clique no título ou no endereço que segue: http://www.youtube.com/watch?v=ZpLtJDxed5Q Hier Encore - Charles Aznavour participando de um concurso de jovens cantoras. (legendado)

23 abril 2011

PÁSCOA







fotos ney (clique para ampliá-las)


A borboleta também é um símbolo da Páscoa, da ressurreição. O significado essencial da borboleta baseia-se em sua metamorfose de ovo para lagarta e da crisálida, presa à rigidez da morte, para inseto alado com cores brilhantes, voltando para a luz do sol. Por isso, na antiguidade, já era considerado um símbolo da alma, pelo fato de não se extinguir após a morte física.

22 abril 2011

PÁSCOA





foto ney (clique para ampliá-la)



Páscoa, passagem, libertação, ressurreição, renovação...


Cada dia é um novo renascer. Oportunidades e possibilidades que se descortinam. Corpo, alma, consciência. O desafio de conduzir os passos em direção ao resgate da leveza das asas.
Inteligência, sensibilidade e capacidade criativa. Instrumentos para a contínua ascensão humana.
Viver é colher com mãos ávidas os frutos mais altos da árvore da existência. Cativar a via do silêncio dentro de nós. Cultivar a dimensão amorosa do coração.
Aventurar-se causa ansiedade, mas deixar de arriscar-se é perder a si mesmo... e aventurar-se no sentido mais elevado é, precisamente, tomar consciência de si próprio.” (Kierkegaard).
Buscar a terceira margem, uma outra vida possível, um outro mundo possível. Plantar sonhos, regar utopias. Fazer da vida terrena uma experiência de significado. Caridade e compaixão. Justiça, generosidade e perdão. Pureza de coração.
O essencial e invisível aos olhos (Saint-Exupéry).
Creio que a transcendência é, talvez, o desafio mais secreto e escondido do ser humano. (Leonardo Boff).
Bem-aventurados os que aspiram tornar-se filhos da luz (Jesus Cristo).
Do texto e PPS de um_peregrino.

16 abril 2011

Sonhos da Menina


Sonhos da Menina

A flor com que a menina sonha
está no sonho?
ou na fronha?

Sonho
risonho:

O vento sozinho
no seu carrinho.

De que tamanho
seria o rebanho?

A vizinha
apanha
a sombrinhar de teia de aranha...

Na lua há um ninho
de passarinho.

A lua com que a menina sonha
é o linho do sonho
ou a lua da fronha?

Cecília Meireles

A menina da foto é a minha neta.
Fico imaginando como será seu mundo quando passar essa fase onde os cuidados dos pais são constantes e a ela está sendo dado todo o carinho possível.
Como será seu mundo?
Onde estarão os seus sonhos neste mundo tão desumano em que estamos vivendo?


15 abril 2011

OS CARROS CHINESES CHEGANDO JUNTO (clique aqui)



fotos ney (clique para ampliá-las) - Plaza Shopping Niterói.

Os carros chineses chegando nos shoppings, concessionárias, nas ruas. Clique no título.

10 abril 2011

POESIA

VOCAÇÃO PARA A FELICIDADE. Não escreverei versos chorosos, cantando tristezas infinitas, amores impossíveis, saudades dolorosas, paixões trágicas e não correspondidas. Tenho a vocação para a felicidade. Ser feliz não me traz sentimento de culpa. Não preciso da tristeza para justificar a inutilidade da vida. Não preciso morrer e ir ao céu para encontrar a felicidade. Quero-a e tenho-a neste espaço terreno do aqui e do agora. A felicidade, tal e qual o amor, está dentro de mim. E transborda em ternuras, em melodias, em carinhos, em alegrias, em cantos e encantos. Sou feliz e não preciso me justificar. Sorrio sem ver passarinho verde. Não tenho medo de ser feliz. Faço minha estrela brilhar. Sem receio dos encontros, desencontros, encantos e desencantos que o amor me diz. Contrariedades? Eu as tenho. E quem não as tem na vida secular? Escassez de dinheiro? Nem é bom falar Amores não correspondidos? Separações? Rejeições? Saudades incuráveis? Carinhos reprimidos, ternuras guardadas, sem a contra parte do outro? Eu tenho aos montões. Sou a rainha das perdas, necessárias ao meu crescimento. Contudo quem não soube a sombra não sabe a luz. E num livro de matemática existencial juntei todos esses problemas insolúveis, com as respostas nas últimas páginas. Mas pra que me debruçar sobre eles, procurando a solução se a própria vida me conduz a resposta final? Sem medo de ser feliz vou por aqui e por ali por onde os caminhos, as trilhas, os atalhos me levarem, traçando meu rumo. Às vezes com alguma tristeza, mas quem disse que felicidade é o contrário de tristeza? Tristeza é só uma momentânea falta de alegria! É, amigo, amanhã é sempre um novo dia. E quando a infelicidade passar por aqui, minhas malas estarão prontas para eu ir por ali. Carlos Drummond de Andrade.

09 abril 2011

BORBOLETAS



fotos ney (clique para ampliá-las).
"A alma é uma borboleta... há um instante em que uma voz nos diz que chegou o momento de uma grande metamorfose..." Rubem Alves. Gosto da noite imensa, triste, preta, como esta estranha borboleta que eu sinto sempre a voltejar em mim!... Florbela Espanca

04 abril 2011

A Arte de Ser Feliz


Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam as flores? quem as comprava? em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.

Houve um tempo em que minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não a podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um jardim quase seco.

Era numa época de estiagem, da terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde,e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam o muro. Gatos que abrem e fechamos olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho no ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. Eu me sinto completamente feliz.

Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecilia Meireles

02 abril 2011

Eu amo tudo o que foi.


Eu amo tudo o que foi,

Tudo o que já não é,

A dor que já me não dói,

A antiga e errônea fé,

O ontem que dor deixou,

O que deixou alegria

Só porque foi, e voou

E hoje é já outro dia.

Fernando Pessoa

Um bom fim de semana a todos!

01 abril 2011

NÃO TE GOSTO EM SILÊNCIO

foto ney (clique para ampliá-la). . Não te gosto em silêncio porque te sinto distante... entre tua boca e a palavra mora talvez minha angústia como entre o dia e a noite vacila a longa dúvida do crepúsculo. Não te gosto em silêncio, quando há em teus olhos, pousados, dois estranhos pássaros noturnos, e teus lábios emudecem como a fonte nos ásperos e intermináveis invernos. Não te gosto em silêncio quando te envolves com as coisas que te cercam, como se fosses uma delas, quando estás como as águas paradas, cuja beleza é apenas o reflexo das estrelas. Por isto te provoco e te atiro perguntas como pedras quebrando a impassibilidade do lago, como pancadas no gongo que estremece e vibra e te traz à tona para mim. Não te gosto em silêncio, porque parece que atrás de sua voz ainda se esconde alguem tu próprio não conheces, há alguém embuçado a ameaçar nosso sonho e que só tuas palavras poderão expulsar. Não te gosto em silêncio, porque preciso ainda de tua palavra para te descobrir, lanterna adiante de meu passo, alvorada desenterrando na noite emaranhada meu indeciso caminho. Porque preciso ainda que tua palavra chegue como vento forte arrastando nuvens, limpando céus e horizontes, levando folhas doentes, te descobrindo ao sol.... Um dia te gostarei em silêncio. E então me recolherei em teu silêncio, e procurarei a sombra, como o pássaro na hora da tarde, e porque o sol estará em nós e nada turvará meu pensamento, entre tua boca e a palavra haverá apenas um beijo". J. G. de Araújo Jorge.

1º DE ABRIL - DIA DA MENTIRA


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