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10 maio 2008
SER MÃE - HOMENAGEM AS MÃES
Ela é bonita. Não, ela é mais do que bonita. Ela é a própria vida em seu mais terno romper da aurora. Vocês não a conhecem. Nunca viram nem um único de seus retratos, mas a evidência ali está, a evidência de sua beleza, a luz sobre seus ombros quando se inclina sobre o berço, quando vai ouvir o suspiro do pequeno Francisco de Assis, que ainda não se chama Francisco, que é apenas um pouco de carne rósea e enrugada, um pequeno homem mais desprevenido do que um gatinho ou uma arvorezinha. Ela é bonita em razão desse amor do qual ela se despoja para vestir a nudez da criança. Ela é bonita em virtude desse cansaço que ela vence cada vez que vai ao quarto da criança. Todas as mães têm essa beleza. Todas têm essa justiça, essa verdade, essa santidade. Todas têm essa graça que causa ciúme ao próprio Deus - o solitário em sua árvore da eternidade. Sim, vocês não podem imaginá-lo de outro modo, a não ser revestido com essa roupa de amor. A beleza das mães ultrapassa infinitamente a glória da natureza. Uma beleza inimaginável, a única que vocês podem imaginar para essa mulher atenta aos movimentos da criança. O Cristo nunca fala em beleza. Ele apenas convive com ela, em seu verdadeiro nome: AMOR. A beleza vem do amor como o dia vem do Sol, como o Sol vem de Deus, como Deus vem de uma mulher esgotada por seu parto. Os pais vão à guerra, vão aos escritórios, assinam contratos. Os pais têm a sociedade como encargo. É seu negócio, seu grande negócio. Um pai é qualquer um que representa apenas ele mesmo diante de sua criança, e que crê naquilo que representa: a lei, a razão, a experiência. A sociedade. Uma mãe nada representa diante de seu filho. Ela não está diante dele, mas em volta, dentro dele, em todo o lugar. Ela segura a criança levantada na extremidade de seus braços e apresenta-a à vida eterna. As mães têm Deus por encargo. É sua paixão, sua única ocupação, sua perda e sua consagração, por assim dizer. Ser pai é desempenhar o papel de pai. Ser mãe é um mistério absoluto, um mistério que não se compõe com nada, um absoluto relativo a nada, uma tarefa impossível e, portanto, preenchida - mesmo pelas más mães. Mesmo as más mães estão nessa proximidade do absoluto, nessa familiaridade com Deus que os pais nunca conhecerão, extraviados como estão pelo desejo de bem preencher seu lugar, de bem manter sua condição. As mães não têm condição, não tem lugar. Elas nascem ao mesmo tempo que suas crianças. Elas não têm, como os pais uma vantagem sobre o filho - a vantagem de um experiência, de uma comédia representada muitas vezes na sociedade. As mães crescem na vida ao mesmo tempo que seus filhos, e, como a criança é, desde seu nascimento, semelhante a Deus, as mães estão de repente no santo dos santos, plenas de tudo, ignorantes de tudo e que as preenche. E, se toda beleza pura procede do amor, de onde vem o amor, de qual matéria é feita sua matéria, de qual natureza é sua natureza? A beleza vem do amor. O amor vem da atenção. A atenção simples para os simples, atenção humilde para os humildes, atenção viva para todas as vidas. Os homens sustentam o mundo. As mães sustentam o eterno, que sustenta o mundo. (Christian Bobin)
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