24 maio 2008

COM O "Y" VOU PODER EXISTIR E CHEGAR JUNTO

Pois é, Heli, serei beneficiado pela nova ortografia, poderei ser um NEY reconhecido, verdadeiro. Pois não iria eu depois desse longo caminhar aceitar ser NEI... nem pensar! Já basta o desassossego de até hoje não saber quem é exatamente o Ney, ou o Nei (o clone na atual ortografia).
Mas é porque nunca temos todas as respostas, senão acabaria o sentido de caminhar, que é um eterno aprender e crescer. A meta é o fim, e ainda desejo caminhar muito... Tomara!
Ah, mas até hoje tenho conseguido me entender comigo mesmo (rs), mesmo sem todas as respostas. Às vezes, surgem umas dúvidas, mas nunca chegam a ser um desassossego.
E vale dizer que muitos desassossegados são brilhantes, porque vão fundo na sua alma, nas suas verdades. Não é o meu caso, mas é o do grande MESTRE Fernando Pessoa, que consegue ser genial até nas suas dúvidas, e ele vai fundo mesmo:

"Eu próprio não sei se este eu, que vos exponho, por estas coleantes páginas fora, realmente existe ou é apenas um conceito estético e falso que fiz de mim próprio. Sim, é assim. Vivo-me esteticamente em outro. Esculpi a minha vida como a uma estátua de matéria alheia ao meu ser. Às vezes não me reconheço, tão exterior me pus a mim, e tão de modo puramente artístico empreguei a minha consciência de mim próprio. Quem sou por detrás desta irrealidade? Não sei. Devo ser alguém. E se não busco viver, agir, sentir, é - crede-me bem - para não perturbar as linhas feitas da minha personalidade suposta. Quero ser tal qual quis ser e não sou. Se eu cedesse destruir-me-ia. Quero ser uma obra de arte, da alma pelo menos, já que do corpo não posso ser. Por isso me esculpi em calma e alheamento e me pus em estufa, longe dos ares frescos e das luzes francas - onde a minha artificialidade, flor absurda, floresça em afastada beleza"
. Fernando Pessoa . Livro dos Desassossegos.

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