Pois é, Heli, serei beneficiado pela nova ortografia, poderei ser um NEY reconhecido, verdadeiro. Pois não iria eu depois desse longo caminhar aceitar ser NEI... nem pensar! Já basta o desassossego de até hoje não saber quem é exatamente o Ney, ou o Nei (o clone na atual ortografia).
Mas é porque nunca temos todas as respostas, senão acabaria o sentido de caminhar, que é um eterno aprender e crescer. A meta é o fim, e ainda desejo caminhar muito... Tomara!
Ah, mas até hoje tenho conseguido me entender comigo mesmo (rs), mesmo sem todas as respostas. Às vezes, surgem umas dúvidas, mas nunca chegam a ser um desassossego.
E vale dizer que muitos desassossegados são brilhantes, porque vão fundo na sua alma, nas suas verdades. Não é o meu caso, mas é o do grande MESTRE Fernando Pessoa, que consegue ser genial até nas suas dúvidas, e ele vai fundo mesmo:
"Eu próprio não sei se este eu, que vos exponho, por estas coleantes páginas fora, realmente existe ou é apenas um conceito estético e falso que fiz de mim próprio. Sim, é assim. Vivo-me esteticamente em outro. Esculpi a minha vida como a uma estátua de matéria alheia ao meu ser. Às vezes não me reconheço, tão exterior me pus a mim, e tão de modo puramente artístico empreguei a minha consciência de mim próprio. Quem sou por detrás desta irrealidade? Não sei. Devo ser alguém. E se não busco viver, agir, sentir, é - crede-me bem - para não perturbar as linhas feitas da minha personalidade suposta. Quero ser tal qual quis ser e não sou. Se eu cedesse destruir-me-ia. Quero ser uma obra de arte, da alma pelo menos, já que do corpo não posso ser. Por isso me esculpi em calma e alheamento e me pus em estufa, longe dos ares frescos e das luzes francas - onde a minha artificialidade, flor absurda, floresça em afastada beleza"
. Fernando Pessoa . Livro dos Desassossegos.
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