03 maio 2008

CLARICE - Bem pouco do muito que existe... (clique aqui)

Impossível saber muito dos seus segredos, se nem ela os sabia todos. Mas dos seus textos se percebe ter sido simplesmente humana e intensa, mesmo na solidão.

"Estou sentindo o martírio de uma importuna sensualidade. De madrugada acordo cheia de frutos. Quem irá colher os frutos da minha vida?"

"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca."

"Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata."

Clarice Lispector

001 E ninguém é eu, e ninguém é você. Esta é a solidão.
002 Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.
003 Eu escrevo simples. Eu não enfeito.
004 Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo.
005 Escrevo para me manter viva.
006 Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
007 Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros. 008 Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso.
009 Eu sou uma pergunta.

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