16 dezembro 2007

José Padilha diz que a Globo queria "Tropa de Elite" com final feliz

Por Luiz Carlos Azenha


O diretor José Padilha disse ao New York Times, em entrevista publicada no último sábado, que a Globo se negou a bancar o filme Tropa de Elite sem um final feliz.Eis o trecho final da entrevista, conforme publicado pelo jornal americano:"O financiamento inicialmente foi difícil. A Globo, um conglomerado de mídia brasileiro, se negou a contribuir com os cineastas já que eles se negavam a garantir um final feliz, de acordo com Mr. Padilha. 'Você nunca surpreende a audiência desse jeito', ele afirmou. 'Nossa idéia é fazer filmes sem polimento'.No fim, Mr. Padilha chamou a atenção de Eduardo F. Constantini, filho de um milionário argentino, que levou o projeto para a companhia de produção Harvey Weinstein, de Nova York, que logo assinou contrato.Enquanto o script passava por 12 revisões, Mr. Pimentel se juntou com o autor Luiz Eduardo Soares para produzir um livro, também intitulado "Tropa de Elite". O processo de juntar livros e filmes se encaixa na visão do Mr. Padilha de que a lógica da ciência é melhor explorada em livros, mas os filmes são essenciais para chamar a atenção para determinados assuntos.'Todos os filmes que fizemos até agora resultaram em várias pesquisas científicas e inspiraram trabalho em universidades', ele disse. 'Se você publica um paper científico é muito difícil causar um debate nacional sobre alguma coisa. Se fizer isso com um filme, pode iniciar o debate. Nós gostamos de criar uma ponte entre esses dois mundos - o filme e a ciência'."Meu comentário:Na Globo tudo tem final feliz. Até a tragédia na Fonte Nova será transformada em uma saga de redenção do torcedor que tirou a camisa do Bahia e usou a peça do vestuário para evitar que uma criança órfã, de oito meses, que havia sido levada ao estádio para cumprir uma promessa da avó retirante, fosse pisoteada pela multidão. O que quero dizer é que a emissora se nega a aceitar a realidade, preferindo criar e patrocinar um mundo paralelo, ilusório. Fazer isso no entretenimento é problema da empresa, fazer isso no Jornalismo é problema nosso, já que se trata de uma concessão pública. Não combina com o mundo da Globo? Engaveta

Publicado em 26 de novembro de 2007

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