07 setembro 2008

É PRECISO QUE OS OLHOS SAIBAM VER...


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Quadros do neyniteroi (ENORMES), 1,20 x 90cm. - lá de 1995, quando cismei de pintar, e foi o jeito que encontrei de quem não tem técnica e experiência, nenhum curso, só vontade.
Ontem eu li um texto (Marcelo Merchiori), que tem um pouco a ver com o dito no post anterior, e diz assim: "Segundo Freud, as forças mentais relativas ao princípio do prazer manifestam-se, principalmente, relegadas para o inconsciente e operando através dele. O consciente é, por sua vez, regido quase somente pelo princípio da realidade. Nesta cisão, o ser humano é afastado de seus anseios e acaba vivendo em contato não com o objeto que deseja e busca, mas com um mero reflexo incapaz de causar satisfação. Desta forma, o princípio de realidade não contém tantos aspectos que possam ser chamados de reais. A arte seria um pouco esse nosso desejo de exprimir essa felicidade que ficou contida, a liberdade de vivê-la por inteiro.
Num outro texto de Rubem Alves, já postado aqui, se diz o seguinte:
"Geórgia O’Keeffe foi uma pintora norte americana. Seus quadros são assombrosos! Porque seus olhos são assombrosos! “Ninguém vê uma flor, realmente”, ela observou certa vez. “A flor é tão pequena... Não temos tempo e o ato de ver exige tempo, da mesma forma como ter um amigo exige tempo.” O ver, como fenômeno físico, acontece instantaneamente. Basta abrir os olhos... A luz toca a retina e a imagem se forma nalgum lugar do cérebro. Igual ao que acontece com a máquina fotográfica. Mas há um outro ver que não é coisa dos olhos. Como quando se contempla uma criança adormecida. A visão de uma criança adormecida nos acalma. Faz-nos meditar. O olhar se detém. Acaricia vagarosamente. O olhar se torna, então, uma experiência poética de felicidade. Sentimos que a criança que vemos dormindo no berço dorme também na nossa alma. E a alma fica tranqüila, como a criança. É por isso que mesmo depois de apagada a luz, ida a imagem física, vai conosco a imagem poética como uma experiência de ternura.
Você se lembra daquele diálogo entre o Pequeno Príncipe e a raposa? A raposa queria que o Pequeno Príncipe a cativasse. Mas ele não sabia o que era cativar. Aí ela ensinou: eu me assento aqui e você se assenta lá, longe de mim. Nós nos olhamos e ficamos com uma vontade de chegar mais perto. No dia seguinte nos assentamos mais perto... E assim vai indo, até que nos assentamos juntos. Quando isso acontecer eu estarei cativada. E eu o verei então de uma forma como ninguém mais o vê... "
As flores de Geórgia O'Keeffe podem ser vistas em: http://www.youtube.com/watch?v=59grkW5-6eY

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