03 junho 2008

Chegando junto:Amazônia.


Amazônia, não berço esplêndido

O Povo - 03/06/2008 00:09

Não ponho a menor dúvida no slogan que também defendo: a Amazônia é nossa. Mas isto não significa que ela fique estagnada, deitada em berço esplêndido ou seja, continue tal qual está sem serventia, celeiro inexplorado cercado de gente faminta por todos os lados.
Amazônia de encantos mil, sim senhor, gordura das burras de seringueiros historicamente sugadores das energias dos expulsos de suas tristes e desgraçadas terras nordestinas...

Amazônia, qual noiva predestinada a um eleito que não chega, vai garantir o pão nosso do futuro, enquanto no presente ficamos contemplando suas terras incultas, seus rios abastecendo estatísticas de quilometragens...
Amazônia, fruto de desavenças e de sangue derramado de inocentes joguetes de "contadores de histórias" de assombração e grandezas inatingíveis.
Não, a Amazônia não é estrofe, nem tema de poemas e contos de botos azuis sedutores e engravidadores das mulheres ribeirinhas.
A Amazônia não é o sangue contaminado por mosquitos e criatório de transmissores da maleita mortífera.
A Amazônia não é apenas a missão patriótica de seu Exército exposto à sanha dos destruidores da floresta e plantadores de coca e abrigo de "revolucionários" sem honra e sem glória.
A Amazônia é desafio escancarado à inteligência brasileira na busca de um novo Marechal Rondon , um outro Plácido de Castro , novamente Barão do Rio Branco - que tanta falta nos fazem nestes tempos de carência de patriotas e fiéis cumpridores de seus deveres.

A Amazônia não é o holocausto de Chico Mendes , a voz solitária de Marina, tampouco tribuna dos Mincs verborrágicos de plantão, muito menos do entreguismo disfarçado de Mangabeira Unger.
A Amazônia é posição de Governo voltado para a conquista da Hiléia brasileira, abrindo suas hidroelétricas geradoras de riqueza , concedendo hectares a plantadores de sementes abençoadas e criadores de gado e búfalos - para que não falte comida na mesa do brasileiro de hoje e, com certeza, na do de amanhã.
A Amazônia é política de Governo concedendo terras para a geração de riqueza num comodato com prazo estipulado e obrigações de restauração da floresta temporariamente diminuída. A Amazônia é nossa: o que nos falta é Governo que dela cuide e dela deixe que se beneficie quem nela vive e dela precisa não amanhã, mas hoje. "Deitado eternamente em berço explêndido", com todo respeito, é verso do Hino Nacional.
Não a Amazônia brasileira.
Adísia Sá - Jornalista Adisia@secrel.com.br

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