O dia está lindo, o céu de um azul suave, que encanta, que lembra paz...
Da sacada da casa de meu filho, em Campinas, aonde passo uns dias, perco meus olhos entre esse céu lindo e o verde das árvores e dos jardins do condomínio, buscando exatamente a paz do azul do céu para minha alma... E ela, feliz, agradece e se aquieta.
E como o pensamento viaja no tempo e no espaço, por um motivo qualquer, surge em minha memória a Campinas de antigamente, bucólica, tranquila, tão diferente desta cidade agitada em que está se transformando. E nesse caminhar pelo tempo volto aos meus tempos de menina quando, nas férias escolares costumávamos vir passar uns dias na fazendola de meus avós maternos. Era uma aventura, uma festa, que começava com a viagem de trem que nos trazia de São Paulo até aqui. Viagens que eu adorava, que não trocava por nada no mundo.
O trem saia da Estação da Luz, o que para mim já era uma festa, todo aquele movimento, a expectativa da viagem, os trens chegando e partindo... Se o trem fosse expresso, ou seja, a "litorina", só pararia na cidade de Jundiai, mais ou menos no meio do caminho, antes de chegar ao seu destino, Campinas. Se não, ia parando em várias cidades, onde a plataforma de cada estação era para mim uma alegria, com seus vendedores de doces e salgados, geralmente feitos pelas mulheres de cada região, verdadeiras delícias que meu pai sempre comprava para aplacar a euforia das meninas (minha irmã mais velha e su) que, empolgadas, não tinham sossego e, enquanto se deliciavam com os quitutes ficavam quietas... Eram cocadas, balas, pés -de-moleque, paçocas, amendoim, pastéis, tanta coisa boa que dificil mesmo era escolher.
E a viagem transcorria em alegria e na expectativa da chegada porque lá nos esperava sempre meu avô, que nos conduziria até a fazendola. E essa era a melhor parte da viagem, pelo menos para mim, porque meu avô vinha nos esperar e nos levaria para sua casa num "cabriolet" lindinho, puxado por um cavalo que tinha todo o meu amor (sempre fui apaixonada por cavalos, acho-os lindos, magestosos), o Pachola!...
E enquanto meus pais e meu avô iam conversando, contando coisas, minha irmã prendia-se a beleza da paisagem, eu só tinha olhos para o Pachola, dócil, altivo, crina ao vento, vencendo distâncias, levando-nos aos dias de liberdade e despreocupação tão próprias da infância, que nos esperavam na casa de meus avós.
E lembrando de tudo isso, uma imensa saudade dos meus amores que já não estão comigo, apossou-se de meu coração. As figuras de meu pai e de meu avô, senhores de si e, aparentemente, de seus destinos, de minha mãe e de minha avó, mulheres que cumpriam a risca os papéis que lhes eram impostos pela sociedade e pelos costumes da época, de minha irmã, tão linda, com um sorriso que vinha da alma e se espalhava por seus olhos, e que tão cedo partiu...
Tão doces lembranças... Tão doces saudades...
Dulce Costa
Na ensolarada manhã do primeiro dia de julho do ano de dois mil e nove
Da sacada da casa de meu filho, em Campinas, aonde passo uns dias, perco meus olhos entre esse céu lindo e o verde das árvores e dos jardins do condomínio, buscando exatamente a paz do azul do céu para minha alma... E ela, feliz, agradece e se aquieta.
E como o pensamento viaja no tempo e no espaço, por um motivo qualquer, surge em minha memória a Campinas de antigamente, bucólica, tranquila, tão diferente desta cidade agitada em que está se transformando. E nesse caminhar pelo tempo volto aos meus tempos de menina quando, nas férias escolares costumávamos vir passar uns dias na fazendola de meus avós maternos. Era uma aventura, uma festa, que começava com a viagem de trem que nos trazia de São Paulo até aqui. Viagens que eu adorava, que não trocava por nada no mundo.
O trem saia da Estação da Luz, o que para mim já era uma festa, todo aquele movimento, a expectativa da viagem, os trens chegando e partindo... Se o trem fosse expresso, ou seja, a "litorina", só pararia na cidade de Jundiai, mais ou menos no meio do caminho, antes de chegar ao seu destino, Campinas. Se não, ia parando em várias cidades, onde a plataforma de cada estação era para mim uma alegria, com seus vendedores de doces e salgados, geralmente feitos pelas mulheres de cada região, verdadeiras delícias que meu pai sempre comprava para aplacar a euforia das meninas (minha irmã mais velha e su) que, empolgadas, não tinham sossego e, enquanto se deliciavam com os quitutes ficavam quietas... Eram cocadas, balas, pés -de-moleque, paçocas, amendoim, pastéis, tanta coisa boa que dificil mesmo era escolher.
E a viagem transcorria em alegria e na expectativa da chegada porque lá nos esperava sempre meu avô, que nos conduziria até a fazendola. E essa era a melhor parte da viagem, pelo menos para mim, porque meu avô vinha nos esperar e nos levaria para sua casa num "cabriolet" lindinho, puxado por um cavalo que tinha todo o meu amor (sempre fui apaixonada por cavalos, acho-os lindos, magestosos), o Pachola!...
E enquanto meus pais e meu avô iam conversando, contando coisas, minha irmã prendia-se a beleza da paisagem, eu só tinha olhos para o Pachola, dócil, altivo, crina ao vento, vencendo distâncias, levando-nos aos dias de liberdade e despreocupação tão próprias da infância, que nos esperavam na casa de meus avós.
E lembrando de tudo isso, uma imensa saudade dos meus amores que já não estão comigo, apossou-se de meu coração. As figuras de meu pai e de meu avô, senhores de si e, aparentemente, de seus destinos, de minha mãe e de minha avó, mulheres que cumpriam a risca os papéis que lhes eram impostos pela sociedade e pelos costumes da época, de minha irmã, tão linda, com um sorriso que vinha da alma e se espalhava por seus olhos, e que tão cedo partiu...
Tão doces lembranças... Tão doces saudades...
Dulce Costa
Na ensolarada manhã do primeiro dia de julho do ano de dois mil e nove
2 comentários:
Dulce.
Que delícia ler seu relato.Doces lembranças!
Na minha vida era eu que esperava os primos chegarem na fazenda dos meus pais.Que dias maravilhosos passamos numa infância que deixou muitas saudades!
Abraços,
heli
Pois é Heli
doces tempos, doces saudades...
ainda bem que os vivemos.
Beijos
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