Ao amor antigo
O amor antigo vive de si mesmo,
Não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
Mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raizes fundas,
Feitas de sofrimento e beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
E por estas suplanta a natureza.
Se em toda a parte o tempo desmorona
Aquilo que foi grande e deslumbrante,
O antigo amor, porem, nunca fenece
E a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
E resplandece no seu canto obscuro,
Tanto mais velho quanto mais amor.
(Carlos Drummond de Andrade)
2 comentários:
Dulce.
É incrível o modo como Drummond descreve esse amor antigo.
"O amor antigo tem raizes fundas,
Feitas de sofrimento e beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
E por estas suplanta a natureza".
Bjs
heli
Heli,
É a sensibilidade do poeta, a vivência do homem, juntas, descrevendo um sentimento.
bjs.
Dulce
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