Ontem o Brasil comemorou o “Dia da Pátria” e viajando no tempo como costumo fazer sempre, voltei aos anos 50 quando, adolescentes, estudantes, desfilávamos orgulhosamente nesse dia. Era uma festa. Nós nos sentíamos tão importantes! Lembro-me bem que no último desfile de que participei a festa foi no Pacaembu, e foi a primeira e ultima vez que entrei naquele estádio. Fiquei deslumbrada com o tamanho dele. E foi marcante também porque pela primeira vez não me senti desajeitada, patinho feio entre as meninas da minha classe, todas tão lindinhas, porque havia perdido uns quilinhos que me atormentaram durante os primeiros tempos de minha adolescência. E foi quando, pela primeira vez percebi olhares interessados dos rapazes que desfilavam conosco... Ainda demorei um tempo para ter meu primeiro namoradinho, mas já não me sentia deslocada... Ah tempos bons, aqueles... Tão lúdicos, tão diferentes dos de hoje...
Hoje os alunos já não desfilam, não aprendem a cantar corretamente o Hino Nacional, muito menos o Hino a Bandeira, e nem sei como poderiam pensar em hinos se os pobrezinhos não conseguem nem aprender matemática... Português, então!... Claro que não me refiro as crianças das classes mais favorecidas, essas nem podem ser referência para um pais como o nosso, com tanto interiorzão, sertão, vilas e cidades distantes para serem atendidos.
Mas o 7 de setembro não deveria ser um dia de louvor a Pátria, de orgulho cívico? Então que é que eu tenho que ficar lembrando probleminhas de uma adolescência que se perdeu num passado distante, ou de crianças que não conseguem aprender porque, subnutridas e esquecidas pelas autoridades "competentes' acabam tendo um futuro de cartas marcadas? E porque será que enquanto estou escrevendo fica bailando na minha cabecinha uma imagem triste, vergonhosa, de uma senhora que um dia já foi ídolo de adolescentes, uma cantora que não sabia a letra da musica que cantava e que, para vergonha da nação era o Hino Nacional, uma senhora que deveria responder pelo impensado ato de desrespeitar seu hino e seu país, juntamente com uns tantos assistentes que ao final da triste apresentação ainda ensaiaram um aplauso?... Ah, pobre do meu pais, deste chão que me enternece, desta Pátria que ainda há de ser grande, maior ainda do que já a sinto dentro de mim...
Dulce Costa
Na madrugada do dia oito de setembro do ano de dois mil e nove.
4 comentários:
Dulce.
Você disse muito bem. Como é triste ver alguns valores sendo deixados para trás. Cantar o Hino Nacional nas escolas é algo que está sendo esquecido. Muito menos o da Independência.
Na minha escola, no último dia de aula, antes do feriadão, foi colocado o hino para as crianças ouvirem. A maioria dos professores não sabe a letra, as crianças o desconhecem totalmente, nem sabem o que ele representa.
Bons tempos aqueles em que a gente cantava os hinos na escola. Os desfiles eram especiais, parecia um dia de festa, e era sim uma grande festa que ficou esquecida, num tempo que não volta mais.
Heli
Vivendo por aqui por tantos meses, acompanhando o programa escolar dos meus netos, vejo a diferença, uma enorme e gritante diferença.
Por aqui o amor a Patria, o respeito ao Hino e a Bandeira são inquestionáveis.
Que pena que nosso povo que gosta tanto de copiar o americano não o copie em seu civismo, em seu amor a terra em que nasceu. Você nunca ve um americano, nato ou naturalizado, fazer graça, piadas ou falar mal desta terra, como acontece no nosso querido e sofrido pais...
Melhor parar, senão vou me inflamando e... já viiu, né?
Beijos
A blogosfera tem destas coisas! Faz da vida um encontro permanente! Aqui cheguei e gostei.
Vou adicionar-me aos seus seguidores e colocar um link no meu blog para voltar mais vezes.
Quanto a este post, sabe, no meu país acontece o mesmo. Coincidente com o que afirma, várias vezes digo a amigos e familiares: gostaria que fizéssemos como os americanos - festa no dia da Independência,respeito pela bandeira, Hino nas escolas, amor pela terra e pelas gentes!
A história da vossa cantora com o Hino chocou-me!
Um abraço deste lado do mar
Carlos Albuquerque
Seja muito bem vindo. Prazer enorme em recebe-lo por aqui, em te-lo conosco.
Essa história chocou-nos a todos. Lamento profundamente a falta de respeito, seja no âmbito pessoal, nacional, seja lá em que âmbito for. E uma pessoa pública tem por obrigação ser ainda mais cuidadosa.
Enfim, vamos esperar que sirva de licão...
Um abraço
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