30 junho 2009

A POESIA DE DRUMMOND - Balada do amor atrás das idades



Clique no TÍTULO acima e veja a criatividade de Drummond neste poema de amor que viaja por diversas épocas. E são tantos e diferente momentos, realidades, circunstâncias, transformações, e Drummond encerra num THE END Hollywoodiano de final feliz.
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Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais
Eu era grego, você troiana,
troiana, mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.

Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal da cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.

Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
Boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
Eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos. (Carlos Drummond de Andrade)

2 comentários:

heli disse...

Pois é, Ney.
Drummond é demais!
Um final feliz depois de tantos conflitos...
Bom seria se a vida nos oportunizasse finais felizes para os muitos conflitos que nos rodeiam.
Bom seria!!!

ney disse...

Pois é, Heli, Drummond conseguiu fazer o amor viver todos os principais momentos da humanidade, passar por guerras, sofrimentos, mas na superação deu um final feliz, estilo hollywood. Muita beleza e criatividade. ney/