Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
3 comentários:
Querida Heli,
Fernando Pessoa podia dizer o que quisesses, ele sempre sabia o que dizer.
Aqui com algum sarcasmo...porque para mim os livros são sagrados..mas entendo o que pretende que captemos.
Beijos
Ná
"Ler é maçada,
estudar é nada."
Lulices de Pessoa?
Abraços.
--
Claudio
http://grey-noise.blogspot.com
Pessoa vivia em um ambiente extremamente culto, onde as diferenças entre o "gentilhomem" e o povo eram intransponíveis. Portanto ele podia se dar ao luxo de cometer suas licenças poéticas, divagando sobre a insignificância do conhecimento humano perante a Criação e o Divino.
Já hoje esse texto corre o risco de ser lido como uma apologia ao apedeutismo...
Postar um comentário