Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira
(Imagem- google)
4 comentários:
Heli
Um dos professores da Escola de Medicina da USP, aonde meu filho estudava, um dia, durante uma aula, disse uma frase que para mim define o encerramento deste poema: "A vida humilha o homem"... Ele se referia aos doentes graves, terminais, que já não tinham controle sobre seu corpo. Mas acho que aqui cabe bem essa acertiva...
Degradação, miséria, humilhação que avida impõe aos menos favorecidos... Tristeza infinita...
Beijos
Dulce.
Quando decidi postar esse poema, senti algo muito forte dentro de mim.Já tive muitos alunos na condição de "Bicho".É muita miséria,...é muito triste, muita humilhação.
É uma realidade, que nem sempre é vista palos nossos governantes.
Enquanto no Congresso Nacional os "abutres" disputam o poder, lá fora os necessitados buscam junto aos abutres aquilo que lhes servirá de alimento...
Realidade triste!!
Esplendoroso Manuel Bandeira!
Um texto reflexivo e atual. Parabéns pela postagem!
Bjus Sol
Sol.
Você disse bem:um texto reflexivo e atual.Uma realidade que tentamos não ver, mas que sabemos existir em nosso meio.
bjs
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