17 março 2009

Um pouco da minha história de vida!


Minha família é formada por descendentes italianos e quando meus pais se casaram foram morar numa fazenda que pertencia à família do meu pai que era composta por dezesseis irmãos. Nessa época muitos já haviam se casado e foram morar no que nós chamávamos, de cidade.Esses tios contribuíram e muito na minha formação e na dos meus cinco irmãos, tanto que meu irmão mais velho fez faculdade de medicina em Campos, Estado do Rio, minha irmã fez Faculdade de Educação Física, o terceiro deles cursou Veterinária e eu me formei em Pedagogia.Foram tempos difíceis para todos nós que tivemos que estudar nas Escolas chamadas de isoladas, onde a mesma professora ministrava aulas para todas as séries ao mesmo tempo.Lembro-me da minha primeira professora que se chamava Antonia e da qual tenho somente boas lembranças não só da escola, mas também dos lanches deliciosos que fazia em sua casa, pois ela sabia que eu morava longe da escola e poderia estar com fome.Lembro-me do café com leite que era oferecido com carinho e do pão com manteiga e dos biscoitos feitos em casa pelas suas próprias mãos.A casa onde morávamos não tinha luz elétrica e a luz que tínhamos era de lampiões a querosene ou liquinhos a gás, só tempos depois é que tínhamos um gerador de energia próprio.A eletrificação rural demorou para chegar até as nossas terras, mas quando chegou mudou toda a nossa vida, pois antes tínhamos que passar roupas com ferro de brasas e as roupas eram engomadas e tinham que ficar muito bem passadas.

Depois de algum tempo morando na casa da minha avó paterna, meus pais adquiriram novas terras e meu avo materno, que era carpinteiro de profissão, construiu a casa onde morei até meu casamento.

Tudo era muito difícil para estudarmos porque as escolas que ofereciam o curso colegial ficavam muito longe e tínhamos que andar a pé ou de bicicleta por vários quilômetros para chegar à escola. Minha mãe herdou das tradições italianas a severidade e nos obrigava a estudar a todo custo e graças a sua determinação, nunca desistimos dos estudos.

Apesar das dificuldades, tive uma infância muito feliz, sempre ouvindo histórias dos antepassados e também os contos de fadas e histórias infantis eram sempre contadas por minha mãe junto ao fogão de lenha que servia como aquecedor nos dias mais frios de inverno.

As frutas eram colhidas diretamente nos pomares, onde havia diversos tipos de frutas , cada uma na sua devida estação.

A Casa Velha, como a denominamos era enorme, tinha um sótão-como o chamávamos na época- e servia como lugar de diversão para os da casa e para os primos que todos os anos enchiam a casa em tempos de férias escolares.Esse era o melhor tempo, pois as brincadeiras que eram vivenciadas nas escolas eram repassadas para nós de uma maneira agradável.Todos os períodos de férias escolares eram esperados com ansiedade e mesmo no mês de julho, onde o inverno era rigoroso, esses primos estavam sempre presentes e adoravam as polentas que minha mãe fazia em panelas de ferro, próprias para que ficasse bem cozida e com um sabor inigualável.Com toda família de tradição italiana, o queijo feito em casa, acompanha a s refeições e eram apreciados por todos

Quando eu tinha aproximadamente dez anos, passamos por uma situação muito difícil, quando um dos meus irmãos mais novos teve paralisia infantil e eu tive que assumir todos os compromissos da casa.Minha mãe ficou com esse irmão durante três meses no hospital e as responsabilidades com o último dos irmãos que estava com apenas nove meses de idade ficou por minha conta também.Neste período eu estava cursando a quarta série e faltei aulas para cuidar da casa mas consegui passar de ano através de provas feitas pela Dona Antonia.Sempre achei que ela foi generosa comigo e que essa passagem de ano teve uma ajudinha extra, mas valeu a pena, pois no ano seguinte fiz exame de admissão para ir para a quinta série e consegui passar.

Tem muitas coisas para contar, mas esse texto já ficou enorme e vou parando por aqui.

2 comentários:

heli disse...

Estou passando para este post o comentário feito pela Dulce para não ficar repetida a postagem.

Heli,
A maioria dos começos não é mesmo fácil, mas veja que coisa linda, mesmo assim, distante, com pouco recurso nas escolas, vocês conseguiram chegar a universidade, coisa que não era fácil (suponho) naquela época.
E que lembrança doce dessa professora que a acolhia com lanches e biscoitos. Estou gostanto muito de conhecer sua história, Heli.
Beijos

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Obrigada Heli.

Dulce