Não tenhamos dúvidas: errar é humano. E devemos aprender com nossos erros. Entretanto, os erros cometidos nos materiais didáticos de geografia produzidos e distribuídos à rede estadual de ensino pela Secretaria da Educação – e posteriormente recolhidos - são gravíssimos e inadmissíveis, pois as conseqüências, em tese, poderiam ser imediatas até mesmo para quem não é aluno de escola estadual e confiasse nas informações ali contidas. Tais erros, na verdade, causam insegurança na sociedade sobre a exatidão e a qualidade dos materiais pedagógicos sob responsabilidade da Secretaria Estadual da Educação.
Fico imaginando um aluno, ou qualquer outra pessoa, que queira conhecer os países que fazem fronteira com o Brasil. Se quiser ir a um dos países "vitimados" pelos erros geográficos da Secretaria, seguindo o mapa contido nas apostilas de geografia do governo estadual, ele poderia chegar ao país errado!
Todos nós podemos incorrer em erros e, efetivamente, isto acontece. Na educação, como em outras áreas, muitos erros são motivados por interpretações ou ideologia., mas a Secretaria da Educação cometeu erros grosseiros em relação a uma situação geográfica amplamente conhecida, que não dá margem a nenhum tipo de equívoco. E a tentativa de minimizar estes erros dizendo que os "professores foram avisados", apenas tornou a situação ainda mais grave.
Diante disto, como esperar que os pais tenham tranqüilidade em deixar a educação de seus filhos aos cuidados das escolas estaduais? Principalmente se considerarmos que estes erros foram vistos; mas, e os demais erros que ocorrem na rede estadual de ensino que não são notados tão claramente ou não são denunciados publicamente?
Perguntamos à senhora secretária da Educação: onde vão parar nossos alunos? Com certeza a secretária não sabe aonde quer chegar. Falta-lhe um norte, um horizonte, clareza sobre o caminho a seguir. Ela bate na tecla da qualidade da educação, mas não sabe esclarecer o seu conceito de qualidade. Seus atos, estes sim, falam mais que suas palavras.
Para nós a tarefa da escola pública é fornecer aos alunos, usuários do sistema público de ensino e a suas famílias, que pagam os custos deste sistema, uma educação com qualidade necessária para torná-los cidadãos conscientes da realidade que os cerca, não apenas transmitindo-lhes o conhecimento socialmente acumulado mas dando-lhes condições para processar e produzir novos conhecimentos.
A senhora secretária da Educação parece não saber onde quer chegar também quanto aos investimentos educacionais. Sempre tão empenhada em conter os gastos quando se trata em investir na qualidade do ensino, é responsável, agora, pelo prejuízo decorrente do recolhimento de centenas de milhares de exemplares das apostilas com erros. Evidentemente o recolhimento do material é a providência óbvia e necessária – aliás, a secretária tardou a tomá-la. Mas antes tarde do que nunca. Quem pagará pelo prejuízo aos cofres públicos? A sociedade merece uma resposta.
O fato é que a senhora secretária protagoniza, desde o início de sua gestão, uma cadeia sucessiva de erros. Ela tem demonstrado grande incompetência e nenhuma capacidade de leitura da realidade da rede estadual de ensino, se colocando sempre acima desta realidade, como se tudo pudesse ser explicado pelo inexplicável.
Gostaríamos de dizer ao senhor governador que não é esta a postura que a educação pública no estado de São Paulo espera de sua principal dirigente. Por isto são necessárias mudanças urgentes. Chega de erros motivados pela soberba e pela incompetência, pois eles nada nos ensinam.
Maria Izabel Azevedo Noronha
Presidenta da APEOESP
Membro do Conselho Nacional de Educação
2 comentários:
Heli,
É tão vergonhoso isso, e no entanto o governo age como se fosse a coisa mais natural do mundo. E o pior é que agora fica comprovado que os livros são lançados ao público sem sequer uma revisão básica (erro tão grosseiro seria detectado pelo mais básico dos revisores. OH! SANTA INCOMPETENCIA !!!
Pobre desses alunos... Pobre de minha terra!...
Bjs.
Pois é, apenas uma revisão básica já daria conta de verificar os erros mais grotescos, mas e os outros erros?Sim, porque fica a desconfiança no ar...
O certo mesmo é levar a sério e modificar o quadro de "miséria" educativa que temos presenciado de norte a sul do país.
Bjs
Heli
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