23 julho 2008

Noite de saudade - Florbela Espanca

A noite vem poisando devagar
Sobre a terra que inunda de amargura...
E nem sequer a benção do luar
A quis tornar divinamente pura...

Ninguém vem atrás dela acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa a soluçar!
E eu oiço soluçar a noite escura!

Porque es assim tão 'scura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó Noite, em ti existe
Uma saudade igual a que eu contenho!

Saudade que eu nem sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!...
Ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!!

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