09 fevereiro 2008

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FAUSTO WOLFF

Era uma vez um homem que queria ser rei e demonstrar que nem todas as monarquias são tirânicas. Dono de uma fazenda de 800 cabeças de gado em Não Me Toque (RS), um dia mandou fazer um belo trono, que colocou no salão da fazenda, uma coroa e um cetro de pedras semipreciosas e um manto de veludo para o inverno e de linho para o verão. Tudo que exigia era que seus parentes, empregados e peões o tratassem de Sua Majestade, Don Fabrício I. No princípio, as pessoas acharam graça, mas, quando ele diminuiu o dinheiro que dava aos filhos, deixou de fazer as vontades da mulher, passou a gastar muito menos nos estabelecimentos comerciais e despedir peões e empregados, viram que não brincava. Passaram a chamá-lo de majestade, a fazer a reverência exigida e a tratá-lo na segunda pessoa do plural. A fazenda passou a prosperar, a mulher a ser mais amada, os filhos e empregados bem tratados. Embora ele só exigisse o tratamento real dentro da sua propriedade, a coisa pegou e as pessoas da cidade passaram a tratá-lo com séria fidalguia.
Um dia, um jornalista de Porto Alegre perguntou a Don Fabrício I, um homem rude, por que decidira autoproclamar-se rei. E ele:
- Li, não lembro mais onde, que o lar de um homem é seu castelo e resolvi levar a coisa ao pé da letra.
Quando Fabrício I morreu e deixou 25% dos seus bens para a mulher, 25% para os filhos, 10% para as putas do único bordel da cidade e 40% para os peões, os parentes resolveram restaurar a República.

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