07 maio 2007

UMA MISSÃO QUASE IMPOSSÍVEL

SER ESPOSA, MÃE E CUIDAR DO LAR-UMA MISSÃO QUASE IMPOSSÍVEL



Está chegando o dia das mães! Todo o ano é a mesma coisa. As propagandas para você gastar seu dinheiro comprando presentes, que na maioria das vezes, está mais para presente de grego, pois compram-se ventiladores, máquinas de várias modalidades e usos, ferros, liquidificadores, vassouras, etc.
E as músicas então! Vocês lembram da música: “mamãe, mamãe, mamãe... eu te lembro chinelo na mão, avental todo sujo de ovo; se eu pudesse, queria outra vez mamãe, começar tudo, tudo, de novo...”, cantada pelo Agnaldo Timoteo. Fala sério! Nem pensar! Que mãe relaxada, provavelmente descabelada, com a camisola da noite que não teve tempo de tirar. Minha nossa, é de arrepiar! Cadê o tempo para a vaidade, para cuidar das unhas, cortar e escovar os cabelos, comprar um vestido dentro do orçamento para deixar de ser a “Catarina renegada” Puxa, que aflição!
Ser esposa, mãe, cuidar da casa, trabalhar fora, estudar, são atribuições que tem sido somada a vida da mulher. No inicio de tudo, quando o homem ainda vivia em “estado de natureza”, como afirma Rousseau, todas as coisas eram comuns. Depois surgiu a sociedade, a necessidade de legitimar a família, para que pudessem deixar seus bens. A partir daí surgiram funções especificas. Pois bem, para a mulher ficou a parte mais pesada. Além de gestar uma criança nove meses, acompanham mudanças físicas que inclue o desgaste físico da mulher, dos enjôos, dos inchaços, das varizes, segue-se horas de dor para que finalmente o mundo possa ver o rosto de seu novo habitante, da depressão pós-parto, a perda das formas, mas, isso não é o fim, é o começo de uma vida de muito trabalho, preocupação, alegrias e tristezas. Nós somos o sexo frágil? Essa não é a minha leitura!
Comecei a fazer o levantamento do dia de uma mãe, cansei só de falar. Imaginem-se vivenciar essa rotina. Levanta entre as 5 e as 6 horas da manhã, corre para cozinha, faz o café, cuida dos filhos menores, apronta-os para a escola, prepara o lanche, tomam café, descem apressados, entram no carro, ou vão para o ponto de ônibus, deixa as crianças, volta para casa, lava os pratos do café, arruma a cozinha, coloca a roupa na máquina, varre a casa, forra as camas, tira a poeira dos moveis, corre para a cozinha, começa a preparar o almoço, enquanto isso corre e estende a roupa, retorna ao fogão, termina o almoço, corre para pegar as crianças na escola, chegam em casa, almoçam todos. E, ela continua: lava os pratos, arruma a cozinha, vai descansar, porque ninguém é de ferro. Levanta, prepara o café enquanto ensina as tarefas das crianças. No dia de passar toda a roupa lavada? Lavar o fardamento escolar, então? Nem a super Nany dá conta. E quando eles adoeciam?
Quando a mãe que trabalha fora, dobram-se os encantos. A pobre vitima da natureza carrega consigo a culpa de não estar presente nas horas mais importantes, como a primeira palavra, quando começaram a andarem sozinhos, e tantos outros momentos, cuja preocupação aumenta, por medo de ver seu filho criado pela empregada, ou passar o dia numa escola, porque é preciso trabalhar para dar, para ter, para usufruir o melhor.
O tempo vai passando, eles vão crescendo, e as preocupações vão mudando. Agora, eles já fazem as tarefas sozinhos, tomam banho, vestem-se, arrumam o quarto quando dá na telha, mas, agora a preocupação é com o horário em que chegaram em casa, diante da marginalidade e insegurança em que estamos vivendo. Vêm os namorados e namoradas, os sentimentos, os hormônios, os medos que acompanham os pais. Deles também! Os filhos crescem, mas as preocupações também! Passamos à vida orando, incentivando, alertando, corrigindo, orientando, brigando com eles e por eles. Cada mãe tem dentro de si, o espírito de uma leoa capaz de atacar aqueles que ousarem mexer com a sua ninhada.
Aí, um belo dia, sua prole cresceu o suficiente para encontrar alguém e decidem fazer o mesmo que você e seu marido fizeram. Com o passar do tempo, você antes tão necessária, agora se vê esquecida, como um trapo velho, sendo visitada a cada mês. Aquela jovem do passado que criou, cuidou para que esses filhos crescessem com saúde, tivessem o melhor, freqüentassem boas escolas, que passou horas ensinando as tarefas da escola, outro tanto no fogão, outro tanto limpando, espanando, lavando para que eles crescessem sadios e felizes. Hoje está velha, cansada de guerra, vivendo do saudosismo, queixando-se das dores que acompanham a velhice. Pelo menos hoje temos as filmadoras, as fotos digitais, o MSN para matar a saudade. Ah! Agora somos chamadas de sogra. Nossa que coisa mais horrorosa! Tem piada para todos os gostos: “sogra não pode morar nem tão perto, nem tão longe...”
Precisamos olhar para os idosos ao nosso redor para nos certificarmos que, se tivermos chance de envelhecer, talvez tenhamos as mesmas dores, a mesma sensação de abandono, etc. Qual é a sua idade? Olhe para o lado, veja a idade do seu vizinho, e me fale sobre a sua postura?
Quanto a mim, estou deixando o borralho, fiz uma dieta, fui para academia, despedi a empregada, para poder paga-la, depois resolvi estudar, ai despedi a faxineira, sai da Academia e, engordei de novo! Agora, sou estudante, cuja finalidade é passar em algum concurso. Os analistas econômicos afirmam que no futuro não haverá mais emprego. Eu espero que o emprego não acabe tão cedo, pois eu preciso de um. Atualmente, vivo de fazer bico. Imaginem! Aos 50 anos, tenho um mestrado, uma pós-graduação, três graduações e não arrumo emprego. Em compensação já escrevi dois livros, e um terceiro a caminho. Até 2001 Eu era doméstica. Hoje abomino a faxina, abandonei o ferro, e tenho feito discursos homéricos para que os de casa me ajudem.
Aprendi a usar a máquina do tempo. Chamo de máquina do tempo, pois a internet encurtou as distancias, reduziu o tempo de comunicação, aproximou as pessoas quando estão em longas distancias. Ah! Ia esquecendo, para aprender a usá-la comecei como todo mundo começa, catando milho, e quando pedia ajuda, meus filhos diziam: “mãe Ti vira”. Ta bom ou quer mais? Eu espero ficar bem velhinha com weblog, orkut, e-mail, sites para escritoras amadoras e o que mais aparecer.
Esperavam um discurso meloso, cheio de lagrimas da velha? Isso nem me passou pela cabeça! Não sou de comemorar dias como das mães, da mulher, do negro, do índio, do idoso, da sogra, pois quem tem dia no calendário faz parte da lista dos excluídos, e eu persigo a inclusão direta e efetiva.
Agora, desejo para todas as mães, as que estão a caminho, e as que sonham com a maternidade. Espero que o próximo dia 13 de Maio seja o dia da libertação, não só dos negros, mas de todos os oprimidos, incluindo as mães. Almocem juntos, troquem presentes. Afinal, a vida é breve e precisamos de momentos como esses para estreitar relações, estabelecer comunhão, e aproveitar o momento para expressar nosso afeto, e apreço por todos os que estão ao nosso redor!

BOM DIA DAS MÃES EM FAMÍLIA!
Cristina Nóbrega

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