20 outubro 2006

NO MÍNIMO - CONTEMPORÂNEA

De mãos dadas

Reportagem do NY Times, parcialmente reproduzida no blog da jornalista Tania Menai, discute o hábito dos casais de caminharem de mãos dadas, raro em cidades como Nova York. Depoimento colhido com Drew Fitzherbert, 21 anos, indica que o gesto é considerado comprometedor porque expressa uma relação pública. Os especialistas entrevistados pelo jornal garantem que há diferenças entre andar na rua de mãos dadas e dar as mãos no cinema, por exemplo.

Embora reconheça ser impossível quantificar se diminuiu ou não o número de casais que se dão as mãos, o diretor do serviço de psicologia da Universidade de Cornell, Gregory T. Eells, lembra que costuma ver muito mais gente na rua segurando um telefone celular do que dando as mãos. Peter Shawn Bearman, diretor do Instituto de Pesquisas Sociais e Econômicas da Universidade de Clumbia, diz que andar de mãos dadas em cidades cheias como Nova York é impraticável. Para ele, talvez a proporção de casais de mãos dadas possa estar diminuindo miuto mais por causa da densidade demográfica dos grandes centros urbanos do que por uma queda no valor romântico do gesto.

Segundo Tania Menai, moradora de Nova York há mais de 10 anos, o hábito de dar as mãos é mais facilmente encontrado em casais homossexuais do que hetero. Para os gays, andar entrelaçando os dedos seria uma forma dupla de expressão: compromisso e liberdade de assumir a relação.

Muitos heteros americanos continuam andando lado a lado, com as mãos no bolso. É sempre difícil saber se são irmãos, amigos, ou, quem sabe, casados.

Por aqui, ainda temos fortemente enraizada a cultura de expressar intimidade em público: os dois beijinhos nos amigos, impensáveis em países europeus, por exemplo. Mas com a estabilidade das relações afetivas ameaçadas, será que também vamos nos tornar americanizados na solidão e na distância?

Gesto de maior intimidade até do que o sexo, andar de mãos dadas seria sinal máximo de afeto, carinho, amor, consideração e respeito. Um conjunto de coisas que, infelizmente, estão em extinção nas relações humanas.

[13 comentários]

Publicado por Carla Rodrigues - 20/10/06 12:01 AM

Nenhum comentário: