01 outubro 2010

NA TARDE CHUVOSA...


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foto ney (clique para ampliá-la)
Aqui dentro, em meu quarto de estudo, que calma ! Que calma ainda maior, no entanto, há dentro de mim... Estes dias de chuva, é que encheram minha alma de motivos sem cor... e de gestos de splim...
Estas tardes de cinza e de recolhimento repousam minha vida das cores berrantes...
...Há em mim... esse silêncio bom de isolamento, e um desejo pueril de mil coisas distantes...
Os pingos, pelos fios que passam lá fora, para os meus olhos, são como contas de um terço, - e a chuva... a repetir a mesma ária sonora quem sabe se a cantar não embala algum berço ?
A tarde morre, suave . . . A chuva cai, tão boa... Fica muito mais triste a chuva ao fim do dia...
Quem será que na rua vem trauteando à toa uma velha canção que eu quase já esquecia?
Quem será? Ah! se fosse o rumor de teus passos! Ah! se enfim fosses tu, (tu que um dia partiste...) que voltasses de novo, só para os meus braços, nesta tarde de chuva ensimesmada e triste... Fosses tu, que tornasses para a nossa vida, para aquecer o ninho bom de antigamente, - e trouxesses tua alma, quente e arrependida ! - e trouxesses teu corpo, arrependido e quente !
E as tuas mãos de novo para as minhas mãos, e os teus olhos de luz para a sombra dos meus...
- e lançasses, voltando, as sementes e os grãos na terra que ficou vazia após o adeus...
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Há dias chove assim... Dias longos, cinzentos...
Sozinho, horas a fio, entre livros calados
gosto de ouvir lá fora a cantiga dos ventos
e os monótonos sons da chuva nos telhados . . .

Isolamento bom!... Calma... Estranha doçura...
Folhagens na vidraça embaciada, acenando...
E um nome de mulher... (é a chuva que o murmura!)
minha mão no papel sem querer vai traçando...

( Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro "Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou"

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