29 maio 2009

BALADA DA CHUVA


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E chegou a chuva fina, anunciando a nova estação, um inverno que no Rio nem é tão frio. Convite ao aconchego do lar, um bom filme, um jantar à luz de velas. Lá fora as sombrinhas coloridas, a terra molhada, a natureza se renovando...
"Balada da Chuva"
A tarde se embaça: - um pingo, outro pingo, respinga um respingo de encontro à vidraça; um pingo, outro pingo, e a chuva aumentando e eu nada distingo,- respinga um respingo tinindo, cantando de encontro à vidraça. A noite esta baça e a chuva enervante batendo, batendo, constante, cantante de encontro à vidraça. A terra se alaga o, céu se nevoa, e a chuva é uma vaga fininha, descendo, parece garoa! ... parece fumaça!- e as águas subindo, e as poças subindo e a chuva descendo e a chuva não passa! O dia surgindo, manhã turva e baça. A chuva fininha miudinha, miudinha, parece farinha lá fora caindo, através da vidraça. A tarde está escura, a noite está baça, e as brumas de um tédio, de um tédio sem cura, talvez sem remédio, minha alma esfumaça:- um dia, outro dia e os dias passando em lenta agonia, segunda a domingo; um pingo, outro pingo, respinga um respingo, batendo, cantando, mil dedos tocando de encontro à vidraça...-que chuva! que chuva! e a chuva não passa! Constante, cantante caindo distante nas folhas molhadas, nas poças paradas despidas e nuas, e murmurejante rolando nas ruas;-um pingo, outro pingo na lata cantando goteira se abrindo pingando, pingando, batendo, batendo, tinindo, tinindo parece um tinido, de taça com taça, e a chuva chovendo e a chuva não passa! O vento nas folhas de leve perpassa, e as gotas nos fios rolando, escorrendo, lá fora estou vendo através da vidraça,- que dias sem alma!- que noites sem graça! e a chuva, que calma!chovendo, chovendo não passa! não passa! A terra está envolta nas brumas de um véu, de um véu de viúva que o dia escurece, e a noite enfumaça.- E' a chuva que chove, e do alto se solta descendo, descendo, rolando, escorrendo nos olhos do céu...Nos olhos do céu e no olhar da vidraça!-que chuva! que chuva! parece um dilúvio, quem sabe? - parece que a chuva não passa!( Poema de J. G. de Araujo

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