03 julho 2007

Livro didático causa polêmica

Livro mostra Rio dividido em áreas de atuação de traficantes

Prefeitura da cidade protestou o conteúdo do livro.

Um dos autores diz que nada foi inventado e que tudo foi pesquisado.
O livro "Geografia, Sociedade e Cotidiano", aprovado pelo Ministério da Educação para crianças da sexta série das escolas públicas do Rio, mostra como a cidade está dividida entre áreas de atuação de traficantes. O material está sendo distribuído a professores, para que avaliem o conteúdo. A prefeitura da cidade protestou.

Logo no primeiro capítulo, os autores apresentam um mapa do município do Rio de Janeiro dividido em áreas onde atuariam as quadrilhas que comandam o tráfico de drogas. Os pontos são distribuídos pela ilustração de acordo com as regiões da cidade. Há ainda uma foto que mostra uma operação da Polícia Civil numa favela.

De acordo com o Ministério da Educação, todo o livro didático, antes de ser aprovado e entrar para a lista oficial, é analisado por uma equipe de especialistas. Segundo os critérios estabelecidos pelo próprio Ministério, são retirados dessa lista os livros que tenham informações erradas, preconceito ou discriminação de qualquer natureza.

Prefeitura protesta

O prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, criticou o livro num texto divulgado pela internet. Ele questionou se o Ministério da Educação analisou o material. Segundo ele, o conteúdo é um atentado ao ensino de geografia para crianças de doze anos.

A diretora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Eloiza de Oliveira, estranha o fato de o livro ter sido aprovado pelo Ministério. "Outra questão é o impacto muito forte da violência. Parece que não há mais nada no estado. Eu jamais colocaria isto num livro didático", disse.

Segundo Márcio Vitielo, um dos autores, nada foi inventado e todo o conteúdo foi pesquisado. "Esses dados foram publicados pela imprensa. O mapa não é uma criação nossa. Nós colocamos uma informação que faz parte da realidade do país", disse. O Ministério da Educação informou que, por enquanto, ninguém vai comentar as críticas ao livro.

O Globo, 3 jul. 2007.

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