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16 janeiro 2011
TEMPESTADES
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foto ney (clique para ampliá-la)
Assim já descrevia Euclides da Cunha: "Por momentos um cúmulus compacto, de bordas acobreado-escuras, negreja no horizonte. Deste ponto sopra, logo depois, uma viração, cuja velocidade cresce rápida, em ventanias fortes. A temperatura cai em minutos e, minutos depois, os tufões sacodem violentamente a terra. Fulguram relâmpagos; estrugem trovoadas nos céus já de todo bruscos e um aguaceiro torrencial desce logo sobre aquelas vastas planícies."
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Pois é, e entre esses possíveis mitos ou verdades que fazem parte de nossa passagem, eterno aprendizado e crescimento, nossos antepassados diziam: - Nada de ir jogar bola no campinho que está armando uma tespestade daquelas, com muitos raios e trovões; nem tomar banho de mar, rio, piscina, ficar embaixo de árvores; não fale no telefone, não pegue tesouras, nada de banho de chuveiro agora, desligue esses aparelhos elétricos, andar de bicicleta nem pensar, cuidado com as cercas metálicas, varais. Bem, foi assim na minha infância, de tantas chuvas, garoas, guarda-chuvas, capas, galochas
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E quase tudo isso está agora nesses atuais informativos das empresas de eletricidade, nos jornais, TV, Internet: Primavera e verão são as estações do ano em que mais chove. Normalmente são tempestades que se precipitam sempre após um dia abafado. Com as chuvas vêm os trovões e os temidos raios e, para quem acha que ter cuidado com eles é TOLICE, saiba que o Brasil é o país com maior incidência no mundo, com cerca de 100 milhões de raios por ano.
Um cuidado muito importante nestas condições é se proteger, mas nunca sob a falsa proteção de árvores que atraem os raios. Também é necessário evitar ficar próximo aos trilhos, cercas de arames, postes e linhas de energia elétrica. Não ande em topos de morros e campo aberto, incluindo campos de futebol, quadras e parques.
Evite piscinas, aparelhos elétricos, ferro, secador de cabelo, chuveiro, televisão, telefone ou celular. Não empine pipas, afaste-se de tomadas, canos, janelas e portas metálicas (CETRIL).
Então... não eram tanto tolices ou mitos como alguns diziam. Tolice foi o gigantismo das cidades, a impermealização total dos solos, a ocupação desordenada de espaços e a poluição em todas as suas formas .
Mas, neste caso das tragédias na região serrana do Rio, e outras, foi constatado em observações aéreas, como vimos na TV, que elas tiveram origem principalmente nos deslizamentos no alto das serras, mais distantes da presença humana, devido as chuvas de enconta causadas pelas montanhas que barram a passagem das nuvens. É alto o índice pluviométrico na Serra do Mar, e apesar da rica biodiversidade da mata atlântica, ela está sujeita a esses deslizamentos. E mais esse comprometimento das intensas chuvas causadas pelo fenômeno La nina. Pior que tudo aconteceu na madrugada escura. E são tantas as erosões e os fenômenos que fazem parte dessa movimentação da TERRA. Assim dizem os cientistas e assim explicaram nas muitas entrevistas realizadas nesses dias de tragédia.
Contudo, poderíamos ter evitado os danos maiores que acontecem por conta dessas nossas interferências e descuidos com a natureza. E enquanto não corrigimos todos esses erros, na medida do possível, vale rezar, de todos os jeitos, agir, interagir, refletir, planejar, desejando que essas chuvas não cheguem causando tantos estragos e sofrimentos humanos. Mas um orar livre e libertador, sem medos, radicalismos e verdades absolutas, esse que faz parte da natural espiritualidade humana, voltado para o amor, a solidariedade, e que não nos tem faltado nessa imensa diversidade que vivemos. (ney)
DEFESA CIVIL (Tempestades):
http://www.defesacivil.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=10343
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2 comentários:
Ney.
Você conseguiu montar uma cena muito especial.A foto ficou belíssima.
Devemos orar sim e com muita fé, para que Deus nos mostre quais são os seus propósitos ao permitir que a fúria da natureza nos assole desta maneira.
A grande verdade é que, para esta hora, a ênfase é esta: tempo de exercitar misericórdia! Este é o ideal. Este é o foco. Ficar cogitando, como muitos fazem, "mas porque Deus permitiu que tal coisa acontecesse?" esta pergunta é indevida para nós. A pergunta certa é "de que forma posso contribuir para minorar o sofrimento de tantos? Como posso ajudar?" Este deve ser o nosso alvo supremo.
Pois é, vamos ocupando espaços, aumentando as cidades, o trânsito, poluindo de diversas formas, e desta ação vamos criando políticas pública que tentam acompanhar e disciplinar o que já está feito. Prevenir é sempre melhor que remediar, mas não é assim que funciona. E ocorre que os espaços que criamos desordenadamente, acabam sendo limitados por tantas regulamentações, ônus, inseguranças etc., ou acabam em tragédias. E tudo vai nessa roda viva que não conseguimos mais controlar. Periferias viram cidades, que logo criam novas periferias. E as economias viram mercados, que geram empregos, serviços, financiamentos, juros; e se criam oportunidades, urbanização, geram também grandes concentrações, com diferenças sociais e misérias. E como se diz no futebol: embolamos o meio de campo. ney/
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