18 janeiro 2011

Humildade



Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.

Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.

Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.”

Cora Coralina

4 comentários:

Anônimo disse...

Amiga Heli!

Muito apropriado este tema nesta altura.
Que todos os sobreviventes dessa catástrofe tenebrosa sejam ajudados e sintam este espírito.

Beijinhos

heli disse...

Pois é, Ná.
Também achei este poema próprio para externar sentimentos num momento difícil pelo qual muitas pessoas atingidas pelas chuvas estão passando.
É uma oração, onde as palavras são bem colocadas e há muita humildade no coração da escritora.
beijos.

Rute Beserra disse...

Concordo contigo é uma oração nesse momento de tamanha dor , para aqueles que perderam seu ente querido. Beijinhos a vc

Anônimo disse...

Querida Ná,
Amei o post. Para mim, Cora Coralina (nas letras) e Chiquinha Gonzaga (na música) são ímpares: talendo e sensibilidade direto do céu.
Obrigada por compartilhar este lindo poema.
Bjsssssssss