26 abril 2009

Drummond na manhã de domingo

Ao amor antigo

O amor antigo vive de si mesmo,
Não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
Mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raizes fundas,
Feitas de sofrimento e beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
E por estas suplanta a natureza.

Se em toda a parte o tempo desmorona
Aquilo que foi grande e deslumbrante,
O antigo amor, porem, nunca fenece
E a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
E resplandece no seu canto obscuro,
Tanto mais velho quanto mais amor.

(Carlos Drummond de Andrade)

2 comentários:

  1. Dulce.
    É incrível o modo como Drummond descreve esse amor antigo.

    "O amor antigo tem raizes fundas,
    Feitas de sofrimento e beleza.
    Por aquelas mergulha no infinito,
    E por estas suplanta a natureza".

    Bjs
    heli

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  2. Heli,

    É a sensibilidade do poeta, a vivência do homem, juntas, descrevendo um sentimento.

    bjs.
    Dulce

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