30 setembro 2010

CHÁ DAS CINCO (Clique aqui)



fotos ney (clique para ampliá-las)
CHEGA JUNTO, vamos tomar um café, ou o chá das cinco, broa de milho, bolo de fubá, pão com manteiga, biscoito, muito queijo, geléia, torrada...
clique no título acima ou no endereço que segue...
http://www.youtube.com/watch?v=9CTXhqQkp9c

Mas salve, olhar de alegria! E salve, dia que surge! Os corpos saltam do sono, o mundo se recompõe. Que gozo na bicicleta! Existir: seja como for.
A fraterna entrega do pão. Amar: mesmo nas canções. De novo andar: as distâncias, as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos se nos confia outra vez. Obrigado, coisas fiéis! Saber que ainda há florestas, sinos, palavras; que a terra prossegue seu giro, e o tempo não murchou; não nos diluímos. Chupar o gosto do dia! Clara manhã, obrigado, o essencial é viver!
Carlos Drummond de Andrade

SONHOS E REALIDADE...


foto ney (clique para ampliá-la)
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Álvaro de Campos /
Fernando Pessoa.

29 setembro 2010

Explicando política às crianças -Rubem Alves

É um texto longo, mas vale a pena a sua leitura...

Meninas e meninos: Às vezes, para explicar o comportamento dos homens, os escritores contam estórias. Pois hoje eu vou contar uma estória.
“Houve uma briga na floresta acerca da dieta a ser adotada por todos os bichos. De um lado estavam as vacas, as ovelhas, os patos, as galinhas, as girafas, os macacos, os bichos-preguiça, que diziam que a melhor dieta era a vegetariana, capim, folhas, flores, frutos. Alegavam que as coisas que cresciam da terra eram ricas em vitaminas e faziam bem à saúde.

Do outro lado estavam as piranhas, as hienas, os gambás, os lobos, as onças que, ao contrário, afirmavam que o melhor mesmo era uma dieta de carne, porque a carne é rica em proteínas, que são fontes de energia. ‘Quem come carne é mais forte’, diziam. A briga fez tamanha confusão que os bichos resolveram decidir o assunto por meio da coisa mais democrática possível. “Vamos fazer uma eleição!” Todos concordaram. “Pela eleição vamos escolher os bichos que vão decidir a questão, por meio de leis”. Todos concordaram de novo. E assim aconteceu. Formaram-se dois partidos.

Os vegetarianos deram ao seu partido o nome de “Partido das Bananas”, porque as bananas, sem dúvida alguma, são as frutas que melhor representam a alma dos vegetarianos. Todo vegetariano gosta de banana. Além disso, há bananas em abundância na floresta. Ninguém ficará com fome. Os outros bichos se reuniram e pensaram que o nome do seu partido deveria ser “Partido do Churrasco”. Pois essa era a verdade: eles gostavam de comer carne. E o seu símbolo deveria ser uma linguiça. “Partido da Linguiça”: só de falar o nome a boca se enchia dágua...
Mas os carnívoros eram espertos. Sabiam que a verdade nem sempre deve ser dita. Perceberam que nenhum membro do Partido das Bananas iria votar num candidato do Partido da Linguiça. Por uma razão simples: os bichos vegetarianos seriam aqueles que seriam transformados em churrasco. Os bifes das vacas, as lingüiças dos porcos, os peitos dos francos, os perus assados, as coxas dos avestruzes...

Todas as pesquisas do IBOPE indicavam que os vegetarianos ganhariam as eleições, por serem em número muito maior que os carnívoros. Assim, astutamente, reuniram-se para saber o que fazer. Um camaleão chamado Duda, carnívoro, apreciador de rinhas de galo, o sangue sempre o excitava, pediu a palavra: “Companheiros”, ele disse, “guerras são ganhas enganando-se o inimigo. Essa é uma lição que aprendemos dos humanos. Os soldados se camuflam para chegar perto de suas presas. Vestem-se de forma a parecer árvores e folhagens. Quando os inimigos se dão conta é tarde demais. É assim que eu faço. Mudo de cor. Fico parecendo um galho de árvore. O inseto só me percebe quanto minha língua visguenta o lambe. Queria sugerir, então, que usassem a minha tática.

Se nos proclamarmos carnívoros os vegetarianos não votarão em nós. Vamos nos fantasiar de vegetarianos!” Todos aplaudiram a brilhante reflexão do camaleão Duda e resolveram dar ao seu partido um nome bem ao gosto dos vegetarianos: “Partido dos Abacaxis”. Todo mundo gosta de abacaxis, tão doces, tão perfumados, tão brasileiros. E assim foi. Iniciou-se, então, a campanha do Partido das Bananas contra o Partido dos Abacaxis. Os vegetarianos faziam comícios em que bananas eram distribuídas por todos. As galinhas, os patos e os perus não perdoavam nem mesmo as cascas...

Os carnívoros promoviam grande churrascos só que, ao invés de picanhas sobre as brasas, eram abacaxis sobre as brasas. Faziam churrasco de tudo quanto é vegetal. Além dos abacaxis, bananas, pinhões, batatas, mandioca, cebolas, tomates, pimentões. Assim, os dois partidos tinham o mesmo programa: dieta vegetariana para todos.

Os membros do Partido das Bananas sentiram, de longe, o cheiro bom dos churrascos dos Partido dos Abacaxis. E começaram a se aproximar. Perceberam que os membros do Partido dos abacaxis não eram tão maus quanto se dizia. Chegaram mais perto. Provaram. Gostaram. “É, churrasco de banana é mais gostoso que banana crua”, disseram. E até os macacos aderiram.
Aí veio a eleição. É preciso não esquecer que eleições têm por objetivo escolher aqueles que terão o poder de fazer as leis. Eleitos democraticamente, decidiriam democraticamente a dieta de todos os bichos. As decisões dos representantes seriam leis para todos. Ao dar aos seus representantes o poder para decidir, os bichos estavam, com esse ato, abrindo mão do seu direito de decidir. Depois de feitas as leis só lhes restava obedecer.


Empossado o congresso, os representantes elegeram o seu presidente. O bicho que recebeu mais votos foi a Hiena, famosa por seu senso de humor: estava sempre dando risadas. Na sua posse ela fez um lindo discurso sobre as excelências da dieta vegetariana. E para terminar deu uma aula de filosofia. “Como disse o filósofo alemão Ludwig Feuerbach, nós somos o que comemos. Vacas e veados comem capim; portanto são capim. Macacos comem banana; portanto são bananas. Galinhas e patos comem milho; portanto são milho. Pássaros comem alpiste; portanto são alpiste. Assim, onças que comem vacas e veados estão, na verdade, comendo capim. Uma cobra que come um macaco está, na realidade, comendo bananas. Um gambá que come galinhas está, na realidade, comendo milho. E um gato que come passarinhos está, na realidade, comendo alpiste.

Assim sendo, e em cumprimento às promessas que fizemos no período eleitoral, proclamo a lei de que todos os animais terão de ser vegetarianos, cada um do seu jeito. Viva a República Vegetariana!” Se vocês argumentarem que as conclusões filosóficas da Hiena estão erradas direi que vocês estão com toda razão. Mas é preciso que se aprenda uma outra regra da política: ‘Na política quem tem razão não é quem tem tem razão. É quem tem o porrete maior...
O discurso da Hiena foi saudado com uma grande salva de palmas, seguido por um festival gastronômico em que hienas, onças, lobos, cães vadios, cobras, gambás e gatos churrasqueavam vacas, veados, macacos, galinhas e passarinhos. “Pois Feuerbach não disse que somos o que comemos?

A lei é clara: todos os animais são vegetais transformados..”.
Aí os membros do Partido das Bananas perceberam que haviam caído numa armadilha. Leis são armadilhas. Uma vez feitas não podem ser desrespeitadas, a menos que sejam revogadas por aqueles que as fizeram, os representantes eleitos.


Mas quem teria poder para revogar essa lei? Olhando para seus gordos representantes no Congresso era claro que nenhum deles estava disposto a trocar costeletas, lombos e lingüiças por alface, couve e cenoura... Concluíram, então, que com aquele congresso de carnívoros a reforma política jamais seria realizada. O Ganso, metido a intelectual, repetiu então uma frase que havia lido num livro em inglês: “might makes right”... É o Poder que estabelece o Direito.
Foi então que um leitão rechonchudo chamado Alfred Hitchcock pediu a palavra. Ele já havia experimentado a dor da perda de sua mãe, comida por uma onça que falava enquanto comia: “Que deliciosa é essa porca! Ela é milho, é abóbora, é mandioca, é batata! Como é boa a dieta vegetariana!”

Pois bem. O dito leitão ponderou: “Eu não posso enfrentar a onça. As galinhas não podem enfrentar os gambás. Os cordeiros não podem enfrentar os lobos! Mas os pássaros! Milhares de pássaros em seus vôos rasantes e bicos pontudos! Que poderão fazer as onças, os gambás e os lobos contra o ataque de milhares e pássaros? Vamos chamar os pássaros! Eles são vegetarianos! São nossos aliados!”” E assim aconteceu.

Vieram então, em bandos que tapavam o sol, milhares de andorinhas, pássaros pretos, sabiás, pardais, tico-ticos, periquitos... Invadiram o edifício do Congresso. Foi um pandemônio. O espaço escureceu. O barulho dos pios e dos gritos dos pássaros era ensurdecedor. Milhares de bicos bicando sem parar em mergulhos certeiros. Além disso, por onde iam soltavam seus excrementos moles e fedidos que escorriam pelas caras dos excelentíssimos.

Os representes gritavam histéricos: “Isso é conspiração! Estão tentando desestabilizar o governo!” Mas os pássaros nem ligaram. Continuaram a fazer o que estavam fazendo. Os gambás, onças, lobos, cães vadios e hienas fugiram e nunca mais voltaram, com medo de que os pássaros lhes furassem os olhos...”

Agora, meninos e meninas: vamos chamar os pássaros...



27 setembro 2010

E CAMINHAREMOS JUNTOS... (clique aqui)

Tirando essa do baú, talvez para a eternidade...
Aonde isso nos levará
Quem pode dizer
Quem saberá?

Clique no título acima.

CHEGANDO JUNTO NOS ANOS 50/60...
















Clique nas imagens para ampliá-las.
Cadernos escolares dos anos 50/60. Quem estudou neles vai sentir saudades.

Apenas um pensamento...


"A mente que se abre a uma nova idéia, jamais voltará ao seu tamanho original." -
Albert Einstein

22 setembro 2010

VIVA A PRIMAVERA!


foto ney (clique para ampliá-la)
E a abelha se deliciando e fartando de tanto néctar.


A ABELHA E A FLOR

Ide pois aos vossos campos e pomares,
e lá aprendereis que o prazer da abelha
é de sugar o mel da flor,
mas que o prazer da flor
é de entregar o mel à abelha.

Pois, para a abelha,
uma flor é uma fonte de vida.
E para a flor
uma abelha é mensageira do amor.

E para ambas,
a abelha e a flor,
dar e receber o prazer
é uma necessidade e um êxtase. (Khalil Gibran)

Imagens das eleições...



EM QUEM DEVEMOS VOTAR?


20 setembro 2010

CAFÉ


foto ney (clique para ampliá-la)
BEBER CAFÉ - Era tudo doce, feito o algodão da infância. Era tudo tão intenso, tão pálido, pequeno, quente.
E o frio, não havia. Não era um, eram dois, um dia quem sabe três, quatro, ou cinco com o cachorro.
Eram sorrisos, era poesia, música, fragância. Era acordar num domingo de sol, abrir a janela e ver o mar.
Era sorvete de limão em um dia quente de não se acabar mais. Eram filmes e mais filmes, e um edredon.
Pés em meia, mãos dadas, sorrisos. Era amor, eram amor. Sorriam. Eram saudade, dessas de não caber no peito. Era festa, quando se viam. Eram dias nublados, que se ensolaravam com apenas um sorriso. Era café quentinho, daquele de paçoca, na beira do rio. Eram fotografias, retratos em preto e branco, e coloridos de alegria. Era vontade, de inexistir, olhando o céu cair, sobre si, e não sentir. Era não se importar, não se enraivecer. Eram verdades ditas ao telefone, e abraços trocados depois. Era o tudo e o nada, o talvez e o também. Era o conforto, o carinho, de saber que se tem alguém, para dividir a vida. Era uma vida inteira, pra dois [e depois três, quatro ou cinco com o cachorro]. Era a vontade, de ser. E foram, não sei por quanto tempo. Amor. Café na porta

19 setembro 2010

CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO










fotos, photoshop (quadro) ney - (clique para ampliá-las).
E foram as cidades e suas populações crescendo de forma desordenada nas últimas décadas. E com elas as desigualdades sociais, a falta de habitações, gerando as favelas (verticais, horizontais), as periferias, imensos conjuntos habitacionais de edifícios etc., hoje chamados BOLSÕES DE MISÉRIA.
E são tantas explicações para suas origens, projetos, estudos, pesquisas, usos políticos, mas nada se resolve e elas continuam crescendo. E fica mesmo difícil de entender e avaliar, porque até mesmo cidades novas e planejadas como Brasília, estão cercadas desses inúmeros bolsões.
As favelas foram outrora cantadas em músicas e poesias com magia e fantasia, eram os "céus no chão vistos lá do alto... um mar que se alastrou... a lua que furava o teto de zinco salpicando de estrelas o chão de terra"... e era mesmo tanta alegria, sonho, esperança, criatividade e empolgação, que fizeram do nosso carnaval o maior espetáculo da Terra. E na verdade, no correr do tempo, só mudaram de barracos de madeira para os atuais de alvenaria.
E assim fomos chegando juntos e separados nas grandes cidades, do interior e do litoral. Por isso resolvi retratá-las nas diversas formas (foto, quadro, photoshop), porque é enorme essa nossa diversidade. Aqui foquei Jurujuba, um cantinho de Niterói de muita beleza e tranquilidade, colônia de pescadores, restaurantes, clubes náuticos, fortes históricos, famosa pela festa de São Pedro e demais pontos turísticos. E vamos sonhando, acreditando, trabalhando e buscando os nossos melhores caminhos verde e amarelo. (ney)

16 setembro 2010

BOUGAINVILLE




fotos ney (clique para ampliá-las)
Na verdade são essas branquinhas as flores do bougainville vermelho, numa das fotos recebendo uma visitante, uma diminuta abelhinha. A primavera chegando...

MOMENTOS...



CLIQUE PARA AMPLIAR.
Independente do tempo, há sempre uma magia, luminosidade, cintilação, sonho, imaginação. Como um negativo, pode se revelar, certo? É uma química, memória, ação, sensibilidade, a se deixar fluir, resgatar, renovar, ampliar... (ney)

FOTO E PINTURA





foto e pintura ney (Clique para ampliá-la).
Tirei essa foto de uma porta antiga... no photoshop coloquei parte desse meu quadro no buraco da fechadura.

Um pouco de Fernando Pessoa

Pedras no caminho?
Guardo todas.
Um dia vou construir um castelo..."


(Fernando Pessoa)

14 setembro 2010

DESENCONTROS NA CIDADE GRANDE


foto/photoshop ney (clique para ampliá-la).
Essa foto diz um pouco de um tempo que vivi sozinho numa IMENSA cidade, ficando distante, por 5 anos, da convivência diária com a família, namorada, amigos, ruas, esquinas, raízes, identidades.
O contraste da solidão com a agitação, como se quis dizer no filme ENCONTROS E DESENCONTROS (2003) - Scarlett Johansson/Bill Murray.
Foi uma experiência e tanto, nossa capacidade de entender a alma da outra cidade, fazer amigos, ser grato ao acolhimento que teve, criar referências e tornar tudo mais humano.
Mas é duro sair do trabalho e não poder ir exatamente para CASA (apenas onde dorme)... ficar perdido na multidão, vendo tantos com seus pares, amores, em direção aos lares, portos seguros.
Tudo fica na memória, e nos vêm em flashs, sonhos, recordações, por isso o efeito que dei na imagem. O interessante é que o vídeo do filme faz um retrato assim...
http://www.youtube.com/watch?v=phyBqecAv-w

Ganhei coragem_Rubem Alves

"Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece", observou Nietzsche. É o meu caso. Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo.
Por medo. Alberto Camus, leitor de Nietzsche, acrescentou um detalhe acerca da hora em que a coragem chega: Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos".
Tardiamente. Na velhice. Como estou velho, ganhei coragem. Vou dizer aquilo sobre o que me calei: "O povo unido jamais será vencido", é disso que eu tenho medo.
Em tempos passados, invocava-se o nome de Deus como fundamento da ordem política.
Mas Deus foi exilado e o "povo" tomou o seu lugar:a democracia é o governo do povo.
Não sei se foi bom negócio; o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de TV que o povo prefere.
A Teologia da Libertação sacralizou o povo como instrumento de libertação histórica. Nada mais distante dos textos bíblicos. Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas.
Bastou que Moisés, líder, se distraísse na montanha para que o povo, na planície,
se entregasse à adoração de um bezerro de ouro.
Voltando das alturas, Moisés ficou tão furioso que quebrou as tábuas com os Dez Mandamentos.
E a história do profeta Oséias, homem apaixonado! Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava! Mas ela tinha outras idéias. Amava a prostituição. Pulava de amante e amante enquanto o amor de Oséias pulava de perdão a perdão. Até que ela o abandonou.
Passado muito tempo, Oséias perambulava solitário pelo mercado de escravos. E o que foi que viu? Viu a sua amada sendo vendida como escrava. Oséias não teve dúvidas. Comprou-a e disse: "Agora você será minha para sempre." Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa numa parábola do amor de Deus.
Deus era o amante apaixonado. O povo era a prostituta. Ele amava a prostituta, mas sabia que ela não era confiável. O povo preferia os falsos profetas aos verdadeiros,porque os falsos profetas lhe contavam mentiras. As mentiras são doces; a verdade é amarga.
Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola com pão e circo. No tempo dos romanos, o circo eram os cristãos sendo devorados pelos leões. E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos!
As coisas mudaram. Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo.
O circo cristão era diferente: judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas.
As praças ficavam apinhadas com o povo em festa, se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos.
Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro
"O Homem Moral e a Sociedade Imoral" observa que os indivíduos, isolados, têm consciência.
São seres morais. Sentem-se "responsáveis" por aquilo que fazem. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas.
Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta,se incorporados a um grupo tornam-se capazes dos atos mais cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival. Indivíduos são seres morais. Mas o povo não é moral. O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo.
Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade. É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia.
Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens. Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista que produz as imagens mais sedutoras. O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade. Uma coisa é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham.
Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo. Jesus foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás. Durante a revolução cultural, na China de Mao-Tse-Tung, o povo queimava violinos em nome da verdade proletária. Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar.
O nazismo era um movimento popular. O povo alemão amava o Führer. O povo, unido, jamais será vencido!
Tenho vários gostos que não são populares. Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos.
Mas, que posso fazer? Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche, de Saramago, de silêncio; não gosto de churrasco, não gosto de rock, não gosto de música sertaneja, não gosto de futebol. Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos e a engolir sapos e a brincar de "boca-de-forno", à semelhança do que aconteceu na China.
De vez em quando, raramente, o povo fica bonito. Mas, para que esse acontecimento raro aconteça, é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute: "Caminhando e cantando e seguindo a canção.",
Isso é tarefa para os artistas e educadores. O povo que amo não é uma realidade, é uma esperança. Rubem Alves

11 setembro 2010

Simplesmente...


foto ney (clique para ampliá-la)
Bastou ela me acenar e sorrir, e o mundo ficou encantado e florido. (ney)

10 setembro 2010

CHEGANDO JUNTO NOS CONTATOS IMEDIATOS...


foto e photoshop ney (clique para ampliá-la).
Aproveitei a foto do MAC da postagem anterior e fiz uma estação de embarque e desembarque para futuros contatos imediatos. Veja a seguir um vídeo do Niemeyer andando no disco voador dele, já fizeram um voando pelos céus do Rio, então vamos nessa, os ET's garantem que não vai ter pedágios nem burocracias. Um vôo pela blogosfera... partiu?

http://www.youtube.com/watch?v=SasCqI_pUyk
http://www.youtube.com/watch?v=XPTdk_3Hfwk
http://www.youtube.com/watch?v=yoyPu95yCxw&feature=related

DEPOIS DA FRENTE FRIA...
















fotos ney (clique para ampliá-las).
Depois de uma frente fria o vento e a chuva limpam a atmosfera, agitam e renovam a água do mar, o dia fica azul e bonito para viajar, passear, fotografar. (ney).

07 setembro 2010

AS BOAS LEITURAS

Querendo ou não, somos influenciados por tudo e por todos a nossa volta, pelo pensamento universal através dos tempos. Acho que minha geração foi incentivada a leitura, não tínhamos tantos meios de comunicação como hoje, e a juventude dos "anos dourados" passou por um período de grandes transformações políticas, sociais e econômicas. O mundo explodia em progresso, tecnologias, em música, cinema, artes em geral. Acho que vivemos tantos avanços e saltos para o futuro, que os últimos 60 anos correspondem a séculos de historia da humanidade.
Foi tudo tão rápido que talvez tenhamos deixado de vivenciar algumas etapas, ou pensado mais no ser produtivo esquecendo o humano, ou descuidado da harmonia com a natureza, da qual fazemos parte. Ficamos mesmo numa roda viva nos levando, tanto que agora já se pensa numa possível desaceleração pela sobrevivência de todos e do planeta. Vamos torcer e nos empenhar por melhores caminhos.
Acho que fui me estendendo e fugi ao tema. É que de todas as leituras, nacionais e estrangeiras, todas de muita essência e importância na nossa formação, principalmente na juventude, a de Jorge Amado me disse com mais intensidade, e identidade com um jeito brasileiro de ser. Nunca soube entender e explicar bem isso, mas ao ler o belo trabalho que segue (PUC-SP / Dra. Edilene Dias Matos), visualizei melhor.
Ela começa dizendo:
Para Jorge Amado escrever era transmitir vida. "Nenhum crítico ensina ninguém a escrever", dizia ele com convicção. Transmitir vida significava, sem dúvida, a possibilidade de pôr o mundo de cabeça para baixo, tornando-o mais humano e mais alegre. O homem e as várias dimensões e facetas do humano - a própria "carnadura do mundo" A liberdade é concebida tanto no plano individual como no plano social. A função simbolizadora da imaginação não pretende uma verdade científica, mas uma verdade contida nas percepções. O imaginário, espaço que abriga a imaginação, delineia, em oposição a uma verdade científica, uma verdade de ordem perceptual, que não deixa de ser uma verdade também. NA ÍNTEGRA EM: http://www.apropucsp.org.br/apropuc/index.php/revista-cultura-critica/29-edicao-no5/86-do-recente-milagre-dos-passaros-um-conto-de-jorge-amado

VIVA !


Que nosso PAÍS possa continuar sempre buscando os ideais da liberdade e da DEMOCRACIA. Chegando junto com nossas cores verde, amarelo, azul e branco, com ORDEM E PROGRESSO e com as ESTRELAS da nossa bandeira.
De portas abertas a todas as nações livres e amigas, mantendo essa boa convivência que sempre tivemos com todos os povos que aqui chegaram, vivendo e aprendendo com toda essa diversidade.
Honrando todos aqueles que nos ajudaram e ajudamos nessas conquistas, inclusive dando a vida e se aliando aos países que lutaram pelo mesmo ideal da LIBERDADE (IIª. Guerra).
Viva o Brasil! E que possamos encontrar os melhores caminhos democráticos, com boas idéias e sem idealismos e radicalismos. (ney).

06 setembro 2010

No meio do caminho tinha uma pedra




No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Carlos Drummond de Andrade

04 setembro 2010

É o tempo... faz parte.


E vai a tinta perdendo a cor, o brilho, e vão descascando as paredes... o portão enferrujado, a vegetação ressecada, o mato crescendo. Mas vale acreditar sempre, deixar o portão aberto, nada de cadeado. O tempo passa, o vento sopra, a chuva cai, o sol continua brilhando, só fica antigo. De um jeito ou de outro tudo se renova no tempo. (ney).

03 setembro 2010

VOLTEI...


foto ney (clique para ampliá-la)
Não resisti, voltei lá nos IPÊS amarelos, é caminho mesmo... e mesmo que não fosse.
Na verdade acho que vou voltar amanhã, talvez depois de amanhã, aproveitar a cidade vazia no feriadão e dar minhas pedaladas e clicadas.
Ah, no meu blog tem uma sequência da abelha voando no Ipê: http://neyniteroi.blogspot.com/

O saber e a sabedoria




'O saber a gente aprende com os mestres e com os livros.
A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes'
Cora Coralina

02 setembro 2010

CHEGANDO JUNTO NOS IPÊS AMARELOS
















fotos ney (clique para ampliá-las)
E com a chegada da PRIMAVERA os IPÊS AMARELOS vão enfeitando também aqui a nossa orla (Praia de Icarai - Niterói-RJ).